projeto brasão
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GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO

 

ESCOLA ESTADUAL ABADIA FAUSTINO INÁCIO

 

 

  

PROJETO: CONCURSO PARA ESCOLHA DO BRASÃO DA ESCOLA ABADIA FAUSTINO INÁCIO

 

CAMAPUÃ/MS

 2011

 

Professor: EDMAR MARTINS BORGES

Professor: JOSÉ HENRIQUE

               

PROJETO: CONCURSO PARA ESCOLHA DO BRASÃO DA ESCOLA ABADIA FAUSTINO INÁCIO

  

 

ESCOLA ESTADUAL ABADIA FAUSTINO INÁCIO de Camapuã - MS

 

 

 

CAMAPUÃ/MS

 2011

Duração do projeto: Dois meses: início 08/2011 término 09/2011.

 Abrangência:

Alunos e alunas das turmas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do 1º ao 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Abadia Faustino Inácio do Município de Camapuã (MS).

Este projeto visa desenvolver situações de ensino/aprendizado envolvendo as disciplinas de História e Artes com alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do 1º ao 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Abadia Faustino Inácio do Município de Camapuã (MS) que participarão do processo de criação e escolha do Brasão da referida escola.

Justificativa

O presente projeto é fruto de uma solicitação feita pela Direção e Coordenação Pedagógica da Escola mediante exigência da Secretaria de Estado de Educação - SED conforme correspondência (documento apresentado em reunião da última sexta-feira dia 29 de Julho de 2011) ......

           De acordo com esse documento ....

        Portanto, o presente projeto foi elaborado para tornar a escolha do Brasão da escola um momento democrático e ,ao mesmo tempo, de aprendizado e participação.

 

 

Objetivo Geral:                        

     Realizar a escolha do Brasão da Escola Estadual Abadia Faustino Inácio,

 Objetivos Específicos:

         Propiciar momentos para que ocorra o desenvolvimento das potencialidades dos alunos das disciplinas de História e Artes.

Possibilitar a prática da interdisciplinaridade.

Estimular o exercício da democracia entre os alunos

 Metodologia:

      O primeiro passo é organizar um calendário de atendimento dos alunos, por turma, na sala de tecnologias para apresentação do material didático elaborado pelos professores sobre a arte de confeccionar brasões e os diversos tipos de brasões do município de Camapuã, município de Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul e Brasil (Primeira semana de Agosto de 2011).

        O passo seguinte seria a elaboração e apresentação do regulamento do concurso (normas, período de confecção dos desenhos, comissão julgadora e premiação – Segunda Semana de Agosto de 2011).

        A partir desse ponto todos os professores acompanham seus alunos no processo de escolha e desenho de seu projeto para apresentação final.

 

       

 Recursos:

·        Computador;

·        Data-Show;

·        Lápis preto e colorido;

·        Cadernos de Desenho.

 Avaliação:

        Escolha do Brasão da Escola.

 

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:

 

SUGESTÕES:

BRASÕES E BANDEIRAS DE ESCOLAS

http://escolaadalcy.blogspot.com/p/bandeira-e-brasao_21.html

http://www.ecbr.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=96&Itemid=19

http://www.derrubadas-rs.com.br/escola/Bandeiras%20Salto.htm

 

DESCUBRA A ARTE DOS BRASÕES:

O QUE É HERÁLDICA?

Chama-se Heráldica, a arte de formar e descrever Brasões de Armas, também designada ARMARIA  ou  Arte do Brasão. Teve seu princípio por volta do século XII, contudo sua origem vem a ser mais remota do que se pensa. Os símbolos pessoais e familiares são antiqüissimos e com eles veio a Heráldica, quando eles foram utilizados dentro dos escudos de combate. Esta Arte esteve ativa até o final do Século XVIII, quando a febre política da República, um movimento novo que tomava conta do mundo desde a Queda da Bastilha na França, extingüiu, por vezes a fio de espadas, o Ofício de Brasonaria. Muitos Mestres D'Armas foram assassinados, Famílias inteiras eram banidas por continuarem ostentando seus Brasões nas soleiras de suas casas e Armoriais, livros que continham os Registros Brasonários desde o século XII, foram queimados em praça pública, tudo isso porque os republicanos temiam que através desses simbolos o povo continuasse ligado à Monarquia ou até mesmo, reinvidicasse a sua volta. Sob a constante ameaça das lâminas republicanas foi fácil impedir que isso acontecesse. Alguns clãs, no entanto, conseguiram fazer com que a Tradição da Brasonária ficasse viva até os dias de hoje. Ocultaram os Armoriais em seus porões, alguns foram embalados em baús de madeira tratada, ou de  louças e enterrados em  suas Quintas. Outros, na clandestinidade, conseguiram passar de Mestre para Discípulo e de pai para Filho a Arte da Heráldica.

 

COMPOSIÇÃODO BRASÃO

 

O escudo é tradicionalmente composto de nove partes ou zonas, com vista à descrição da localização das peças no seu campo.

 

 

 

 

Antes de qualquer coisa, há que ter em atenção que a direita e a esquerda do escudo são definidas em relação ao cavaleiro que o usaria, e que, portanto, estaria por trás do escudo. 

 

Direita do escudo ou DextraEsquerda do escudo ou Sinistra

                  A linha que delimita exteriormente o escudo é o bordo do escudo.

 

Bordo do Escudo

 

A zona superior, principal e mais nobre do escudo é o chefe.

 

 

À Direita  do Chefe

 

Chefe

 

À esquerda do Chefe

 

Por extensão, todo o terço superior do escudo é, por vezes, designado por chefe, embora em rigor o chefe seja apenas a zona central do topo do escudo.

 

 

Chefe (por extensão)

 

As zonas laterais do escudo são os flancos.

 

 

Flanco direito ou dextro

 

Flanco esquerdo ou sinistro

 

O centro do escudo é o coração ou abismo.

 

 

Coração ou Abismo

 

A zona inferior do escudo, oposta ao chefe, é a ponta ou contrachefe.

 

 

Cantão dextro da Ponta

 

Ponta

 

Cantão sinistro da Ponta

 

Da mesma forma que sucede com o chefe, designa-se por vezes por ponta todo o terço inferior do escudo.

 

 

Ponta (por extensão)

 

Finalmente, existem dois pontos especiais que merecem uma designação própria: o ponto de honra, entre o chefe e o coração, raramente usado, e o umbigo do escudo, entre o coração e a ponta, de uso ainda mais raro.

 

 

Ponto de Honra

 

Umbigo do escudo

CORES, ESMALTES E PELES

A Heráldica tem como padrão o uso de metais, esmaltes e peles para o revestimento do Escudo são eles:

Os Metais

Ouro: Representado por sua cor natural ou, quando em Armoriais, por um campo branco salpicado de negro

Prata: Representado por sua cor natural ou, quando em Armoriais, por um campo em branco.


Os Esmaltes

 

Negro: Representado por um campo de negro pleno ou, quando em Armorial  por um campo quandriculado. O termo heráldico para este esmalte é "Sable"

 

Vermelho: Também chamado de "Gules", na heráldica, é representado por sua cor vermelha ou por um campo passado de filetes em vertical  


As Cores

Azul: Representado por um campo de azul pleno ou, quando em Armorial  por um campo passado de filetes postos em horizontal. O termo heráldico para este esmalte é "blue" ou "Azure"

Verde: Representado por um campo de negro pleno ou, quando em Armorial  por um campo passado de filetes em banda. O termo heráldico para este esmalte é "Sinople"

Purpura: Representado por um campo de lilás pleno ou, quando em Armorial  por um campo passado de filetes em contrabanda.

Vinho: Representado por um campo de vermelho escuro pleno ou, quando em Armorial  por um campo fretado

Escarlate: Representado por um campo de sua cor  pleno ou, quando em Armorial  por um campo passado de filetes na horizontal sobrepostos de filetes em banda. O seu termo heráldico é "Sanguine"

Marron: Representado por um campo de sua cor  pleno ou, quando em Armorial  por um campo passado de filetes na vertical sobrepostos de filetes em banda. O seu termo heráldico é "Tan" ou "Marroon"

Laranja: É uma cor de rara utilização na Heráldica Latina, sendo mais utilizada nos países de origem Anglo-Saxonicas. quando em Armorial  por um campo passado de filetes entrecortados por pontos. O seu termo heráldico é "Orange"


As Peles

No início do uso dos escudos de guerra na representação dos clãs e dos Guerreiros que os portavam, era natural o revestimento dos escudos com peles de animais nobres como o Arminho cujas representações gráficas seguem abaixo:

 

 

Mosqueta:Elemento presente na pele alva do Arminho, muito utilizado na confecção dos Mantos Reais que adornavam os ombros dos Monarcas:

 

Arminho Natural

Contra-Arminhos

Arminho D'Ouro

Contra-D'Ouros


Veiros: São peles entrecortadas e arrumadas de tal forma e se ver-lhes o verso e anverso

Countra-veiros

Veirado em Pontas

Veirado em Pala


De Potenteias

De Contra potenteias

Potenteias em ponta

 

Em Escamas ou "De Papellone"

Plumetes: Rarissíma essa representação de pele.

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PEÇAS INTERNAS

1. Honrarias

 

Pala 

De ouro, com uma pala de vermelho.

 

Faixa  

De prata, com uma faixa de azul.

 

Banda  

De vermelho, com uma banda de ouro.

 

Contrabanda  

De azul, com uma contrabanda de prata.

2. Os Animais


        O Leão

          O leão é uma das figuras mais empregadas na heráldica, sendo encontrado nos brasões de inúmeras famílias e nas armas de diversos países.
          Em medalhística podem ser encontradas ordens tendo o leão como tema e motivação: Ordem do Leão de Zaehring, de 1812; Ordem do Leão de Ouro, organizada em 1079 por Frederico II; Ordem do Leão e do Sol, da Pérsia, fundada em 1808; Ordem do Leão Neerlandês, de 1815, organizada por Guilherme I, entre outras.
          As diversas posições com que se apresenta o leão são mostradas na figura seguinte.

           

 

           

 

Algumas posições usuais na representação heráldica do leão.

          No campo do brasão podem aparecer um ou mais leões, sendo que o número total não pode ser superior a dezesseis.
          Nos brasões infamados, assim classificados pela prática condenável do seu dono, caso exista a figura de um leão, este é representado desprovido de cauda e dentes.
          As vezes o leão aparece composto com outros animais, como a águia. Neste caso, passa a chamar-se Grifo. Esta peça, com a parte superior de águia e corpo de leão, é encontrada nos brasões de muitas famílias, como por exemplo dos Bachasson, Dauyat e Doriac.

 

Brasão de armas destacando-se a figura do grifo.

          A presença do leão no brasão de armas insinua força, grandeza, coragem, nobreza de condição. Também caracteriza domínio e proteção, condições que deve ter um superior sobre aqueles que domina.
          Nos brasões portugueses e espanhóis o leão representa, em muitos casos, aliança com a casa real de Leão (Espanha) ou concessão por ela outorgada.


Outros Animais Quadrúpedes

          O leopardo apresenta-se nos brasões da maneira chamada "passante", com a pata dianteira erguida. A pantera também é representada passante, o tigre correndo, o urso pode ser rompante (em posição de combate), passante ou levantado. O lobo é representado andante, com a pata dianteira levantada. É muito freqüente na armaria vasco-navarra, já que é insígnia da batalha de Arnigorriaga.
          O cavalo é representado marchando, o touro e a vaca parados ou andantes, e o javali andante e de perfil. O coelho e a lebre podem aparecer passantes, correndo, deitados ou como presa.

 

Alguns animais quadrúpedes utilizados na heráldica.



O
Castelo

          Os castelos tiveram uma importância muito grande nos tempos medievais, pois eram poderosos baluartes de defesa e residência de imperadores e reis. No seu interior reuniam-se os exércitos, camponeses e vassalos, além dos rebanhos e toda produção da terra, que ficava a salvo da cobiça dos inimigos. Esses castelos tinham meios próprios de subsistência, visto que muitas vezes eram assediados e cercados por longo tempo.
          A figura do castelo, por tais condições e por seu simbolismo, é muito empregada na heráldica, obedecendo a determinados critérios para seu desenho. Uma regra geral, nem sempre observada na prática, estabelece a composição entre metais e esmaltes: se o castelo for desenhado com um esmalte (cor), as suas portas devem ser de metal; quando o castelo é desenhado em ouro, as aberturas (portas e janelas) deverão ser representadas em vermelho; se o castelo for de prata, as aberturas devem ser representadas em preto.
          O castelo não deve ser confundido com a torre. O seu desenho deve apresentar-se rigorosamente em um só bloco, com uma porta e duas janelas, o todo sobreposto por três torres, geralmente com a do meio maior que as das laterais.
          A presença do castelo em um brasão de armas significa que o seu portador participou com destaque em tomadas de assalto, ou despojos conquistados. Quando representado de portas abertas indica sucesso na defesa ou tomada.

 

Alguns exemplos de castelo em brasões de armas.

          Tanto nos brasões portugueses quanto nos espanhóis o castelo representa, muitas vezes, aliança com a casa real de Castela. Nos brasões portugueses concedidos na segunda dinastia, os castelos são alusivos a feitos de armas praticados no ataque ou defesa de praças de guerra do norte da África e outras conquistas. Os castelos sobre ondas representam feitos ligados a praças marítimas.
          Finalmente, se o castelo por representado em prata sobre um campo de azul, pode-se afirmar que o seu possuidor era pessoa de grande virtude.


A Torre

          A torre tem seu desenho próprio, não devendo ser confundida com um castelo. A palavra provém do latim "turre", é uma peça que se apresenta isolada e, conforme o seu desenho, tem sua significação. A torre é parte de destaque do castelo e geralmente é representada com uma porta e duas janelas. A torre mais alta ou de maior proeminência do castelo é chamada de torre de homenagem; quando aparece com três torres sobrepostas se diz donjonada; quando podem ser notadas as janelas, esclarecida; quando aparece o teto, coberta; quando tem a porta com grade e pontas na parte inferior, é gradeada; quando a torre vem com chamas nas janelas e sobre as ameias ou seteiras se diz ardente. A torre apresenta o seu corpo na forma arredondada. Já o torreão constitui uma derivação da torre original, pois a forma do seu corpo é quadrada ou retangular, com uma porta e quatro ameias.


A torre, o torreão e o torreão ardente.


A Flor-de-lis

          Na heráldica a figura da flor-de-lis tem muita importância, nâo só porque simboliza e fixa características ligadas à família, pessoas, locais, como por ser uma peça constantemente encontrada nos brasôes franceses, isto por ter sido este o símbolo da sua monarquia.
          A flor-de-lis é símbolo de poder e soberania, assim como de pureza de corpo e alma, candura e felicidade.
          A origem do símbolo é muito contravertida e o que se sabe é que seu surgimento não data de pouco tempo. Sabe-se que foi usada nas armas da França em 496, na vitória de Tolbiacum (Zulpich), onde os francos de Clodoveu, derrotaram os alemães e coroaram-se de lírios. Seu desenho era colocado no manto de reis já na época pré-cruzada, na indumentária de luxo dos reis de armas, nos pavilhões, nas bandeiras e, ainda hoje, em vários brasões de municípios franceses.
          Garcia IV, rei de Navarra, que viveu pelo ano de 1048, passou a adotar o desenho como símbolo de seu reinado, após ter visto uma imagem de Nossa Senhora desenhada no fundo de um lírio e logo após ter se curado de uma grave enfermidade.
          No ano de 1125, a bandeira da França apresentava o seu campo semeado de flores-de-lis, o mesmo acontecendo com o seu brasão de armas até o reinado de Carlos V (1364), quando estas passaram a ser apenas em número de três. Este rei adotou oficialmente o símbolo como emblema, para honrar a Santíssima Trindade.
          Outros historiadores relatam que antes disso o símbolo começou a ser utilizado no reinado de Luiz VII, o Jovem (1147), e como emblema da cidade de Florença. Além disto, aparece em numerosos brasões desde o século XII. Quanto a este rei, foi ele o primeiro dos reis da França a servir-se desse desenho para selar suas cartas patentes, principalmente devido à alusão ao seu nome Luiz, que então se escrevia "Loys". Os reis Felipe Augusto e S. Luiz, conservaram o lis como atributo real, o que seus descendentes perpetuaram.
          Alguns heraldistas afirmam que a flor-de-lis teve sua origem na flor-de-lótus do Egito, outros que sua origem provem da alabarda ou lírio, um ferro de três pontas que se colocava, fincados, nos fossos ou covas para espetar quem neles caísse e também da flor do lírio ou da íris cuja semelhança é encontrada quando as analisamos de perfil. Ainda outra possível origem é aventada, a que seja uma cópia do desenho estampado em antigas moedas assírias e muçulmanas.
          A flor-de-lis deve ser representada por desenhos padronizados, jamais feitos livremente. São brasonados ao natural, mas podem cor de um esmalte ou de um metal.

 

A flor-de-lis em várias representações.

          Quando acontece de um brasão ser carregado de flores-de-lis, o que é comum em brasões franceses, se diz flordelizado e se a mesma aparecer cortada ou sem pé, então deve ser dita de "pé morto"; quando a representação vier acompanhada de dois botões ladeando uma pétala de maior tamanho, é denominada flor-de-lis florentina. Como timbre não é comum. Todavia aparece nos brasões de armas dos Macieira, Macoula e Maciel.
          As flores-de-lis são muito freqüentes nos brasões portugueses. Representam, em geral, uma concessão dos reis da França, principalmente quando assentam sobre campo azul, e só em casos raros, como o dos Nápoles e dos Lacerda, representam parentesco ou aliança com a Casa Real francesa.

 

Brasão dos Nápoles, contendo flores-de-lis por ligação com a Casa Real francesa.

A Cruz

          Na heráldica, a aplicação da cruz é muito ampla. Isto decorre principalmente da enorme quantidade de formatos que a ela são dados na confecção dos brasões. Além disto, há um vasto uso na heráldica religiosa, tumular e na confecção de condecorações, bandeiras e insígnias. A correta definição de cruz é a de uma figura formada por uma pala e uma faixa cruzadas, mas sem continuidade entre elas.
          Um dos formatos mais primitivos da cruz foi usado pelos gregos e pelos egípcios há 5 mil anos e tinha a forma de um "T" encimado por um anel, símbolo de divindade, e que se chamava Cruz de Ankl.
          A primeira vez que a cruz foi oficializada como símbolo, neste caso de fé, aconteceu no reinado de Constantino. Isto ocorreu devido ao imperador ter sido, surpreendentemente, vencedor da batalha contra Mexêncio. Daí por diante, na vanguarda do exército constantino, sempre era conduzido um estandarte composto por uma cruz com a legenda "IN HOC SIGNO VINCES" (com este sinal vencerás). O uso da cruz como elemento de brasão de armas nasceu com as cruzadas. As grandes ordens de Cavalaria como São João, dos Templários, de Calatrava, de Malta e outras escolheram a cruz como seu símbolo. Os duques de Saboya trazem em seu escudo uma cruz branca como lembrança de terem socorrido a Rhodes contra os turcos. Muitas famílias da nobreza européia trazem a cruz em seus escudos, como lembrança de terem tomado parte nas cruzadas. Os contingentes das cruzadas de diferentes países distinguiam-se no uso da cruz; os escoceses usavam a Cruz de Santo André; os ingleses, uma cruz de ouro; os alemães, de negro, os italianos, de azul e os espanhóis de vermelho. Eduardo III da Inglaterra, reinvindicando a Coroa da França, adotou a cruz vermelha para seu exército em 1335 e a França, para evitar confusão, ficou com o branco. Enfim, ainda hoje a Cruz Vermelha de São Jorge caracteriza a Inglaterra, assim como, depois de outra mudança, a cruz branca caracteriza a Itália. Portugal ficou caracterizado pela cruz azul que o conde de São Henrique trouxe para a Terra Santa.
          Na heráldica portuguesa, desde 1459, encontra-se a cruz em muitos brasões. Quanto a heráldica brasileira, muitas famílias apresentam a cruz sob várias formas. Entre os barões, encontra-se, por exemplo, a cruz nos sobrenomes Abadia, Alegrete, Catumbi, Guarulhos e Saquarema, entre outros.

 

Exemplos de brasões de armas contendo cruzes.


    As Figuras Quiméricas

          As chamadas figuras quiméricas surgiram da imaginação dos poetas e cantadores da idade média, provavelmente inspirados pela mitologia fantástica da antiguidade. O uso destas figuras na heráldica é muito antigo e freqüente, aparecendo nos brasões de família pelo simbolismo que podem representar. Existem muitas figuras quiméricas, sendo relacionadas abaixo algumas das principais, na descrição de Silveira (1972).

          Grifo – figura com cabeça e garra de leão, asas de águia, orelha de cavalo, com barbatanas ao invés de crinas. Veja figuras 4 e 12.

          Licórnio ou unicórnio – animal quimérico que tem forma de cavalo, cauda em ponta e, no centro da testa, um chifre agudo, vindo daí seu nome. Esta figura é muito utilizada na heráldica, fazendo parte de cimeiras, ladeantes, nos escudos de armas e empregada como suportes do brasão.

 

Unicórnio (Licórnio) em brasão de armas.


          Dragão – nome que vem do latim "dracone" e do grego "dracon". Animal fantástico com garras, cauda de serpente terminada em arpão e cabeça de crocodilo. Este ser quimérico está ligado à figura de São Jorge, padroeiro da Inglaterra, sendo também consagrado à Minerva, deusa da caça e da sabedoria, e ao nome da Ordem chinesa do Dragão. Veja figura 12.

          Esfinge – é um animal com cabeça e busto de mulher, corpo de leão, asas de águia, que entre os egipcios representava o sol. Esta figura foi difundida pela lenda de Édipo.

          Hidra – figura quimérica, representada por uma serpente monstruosa com corpo de dragão alado, com sete cabeças. De acordo com a lenda, habitava os campos de Lerna, na Argólia. É evocada na lenda dos trabalhos de Hércules, que conseguiu matá-la abatendo as suas sete cabeças de uma só vez..

          Centauro – monstro fabuloso, que tinha a parte superior do seu corpo de homem e o restante de cavalo. Sua lenda é registrada nos frisos do Partenon, na ilha grega de Creta, e conta o combate dos centauros nas bodas de Piritoo, rei dos Lápidos. Este, auxiliado por Teseu e Hércules, teria eliminado aqueles seres.

          Hárpia – figura de um monstro com rosto e pescoço de mulher e o resto do corpo de um abutre, com unhas em forma de garras. Na heráldica é sempre apresentada de frente e com asas distendidas.

          Sereia – outro ser fantástico, que tem a parte superior do corpo de mulher e o restante de um peixe. Conforme a lenda, ela costumava cantar para seduzir os pescadores e levá-los para o fundo do mar. É representada geralmente com um espelho na mão direita e um pente na esquerda.

          Fênix – figura mitológica que habitava os confins do deserto da Arábia. Tinha possibilidade de viver muitas dezenas de anos e, quando se sentia morrer, fazia seu ninho com ervas e essências perfumadas, ficando ali aninhada, deixando o sol incendiar tudo. Porém, acontecia que sempre ressurgia das suas próprias cinzas.

          Pégaso – é o cavalo alado, surgido, segundo a lenda, do sangue de Medusa, no momento em que Perseu lhe cortou a cabeça. Pégaso simboliza a inspiração e o gênio da poesia.

          Quimera – monstro com o corpo de um leão, cabeça de cabra e cauda de dragão, soltando fogo pela boca.

          Hipógrifo – cavalo alado, com meio corpo de grifo, tendo as patas dianteiras em garras.

          Medusa – uma das Gorgonas, que tinha lindos cabelos, mas como tivesse ofendido Minerva, a deusa da Sabedoria, teve os seus cabelos transformados em serpentes, sendo depois a sua cabeça decepada por Perseu.

 

O Dragão no Brasão dos Beuax de França

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ORNAMENTOS EXTERNOS

 

1. O Elmo

 

O elmo era uma das partes mais importantes da armadura dos cavaleiros medievais, uma vez que protegia a cabeça de golpes e pancadas que frequentemente poderiam ser fatais. Ainda hoje, os capacetes dos motociclistas e pilotos em geral exercem uma função idêntica à dos elmos… 
  
Mas o elmo tem uma importância especial para a heráldica, uma vez que esteve entre as suas causas fundamentais. De facto, foi a difusão do uso de elmos fechados, impedindo o reconhecimento rápido de quem estava dentro da armadura, que forçou à utilização de símbolos e cores identificadores nos escudos e, em última análise, levou à criação de um sistema organizado e codificado de emblemas individuais – a simbólica heráldica.

 

  Capacete da Idade do Bronze

 

  Reprodução de um capacete grego

 

Reprodução de um capacete romano

 

Sabe-se que os guerreiros usaram capacetes ou alguma forma de protecção para a cabeça desde a Idade do Bronze, e gregos e romanos fizeram desses capacetes a parte mais importante e vistosa do seu equipamento. Mas só no século XII a evolução das artes da guerra e da tecnologia militar levou à necessidade da utilização de elmos fechados, como protecção contra as flechas dos archeiros, cada vez mais eficazes, e também contra os golpes das espadas, machados e maças de armas.

 

 

                 

Reprodução de um elmo fechado do século XII utilizado pelos Cavaleiros Templários

 

 

 

Alguns tipos de elmos, mostrando a sua evolução em linhas gerais

 

A forma dos elmos registou diversas evoluções e alterações, desde os mais antigos, quase cilíndricos, apenas com uma fresta para os olhos, até aos elmos de parada dos séculos XVIII e XIX, profusamente decorados e já meramente ornamentais. O elmo heráldico clássico, porém, é o elmo de torneio, de viseira articulada, aberta ou com grades, característico dos séculos XV-XVI.

 

 

Elmo de torneio, dito "de boca de sapo" (c. 1480)

   

Elmo de torneio, de viseira aberta (c. 1510)

 

Elmo cerimonial, com viseira de grades (1558)

     

 São estes os três tipos de elmos mais representados em Heráldica e as suas correspondentes estilizações na Heráldica

 

Os elmos foram, na verdade, fundamentais nos torneios e justas, e isto condicionou em certa medida a sua própria evolução (bem como a das armaduras). A violência do embate entre dois cavaleiros que procuravam derrubar-se mutuamente com as lanças levou ao desenvolvimento dos elmos, os quais se prolongaram até proteger totalmente o pescoço e descendo para os ombros de forma a poderem fixar-se solidamente no tronco da armadura. É esta a origem da forma mais divulgada do elmo heráldico. Por outro lado, quando os torneios deixaram de se disputar com lanças e passaram a consistir apenas num combate com maças de armas, o elmo deixou de precisar de ser tão fechado na face e surgiram as viseiras de grades, cuja representação heráldica, em certos países, é exclusiva da nobreza.

 

Foram ainda os torneios que difundiram a utilização de figuras sobre os elmos, como forma de facilitar o reconhecimento da identidade do cavaleiro e aumentar a sua visibilidade pelos espectadores. Estas figuras eram, normalmente, uma das peças pintadas no escudo, e originaram os timbres no desenho heráldico. A sua riqueza decorativa é inegável, mas muitos brasões ostentam timbres que seria fisicamente impossível colocar sobre um elmo, ou que nenhum cavaleiro conseguiria equilibrar na cabeça…

 

 

 

Timbres dos Sousas e dos Pereiras, no "Livro da Nobreza e Perfeição das Armas", de António Godinho (1516-1528)

 

Em rigor, o elmo heráldico deve ter de altura a mesma medida que a largura do escudo, e o timbre a mesma altura do escudo; mas raramente se encontram desenhados com tal precisão.

 

 

Proporções ideais do elmo e timbre

 

Na heráldica portuguesa, o elmo é o principal distintivo da nobreza, papel ocupado noutros países pela coroa. O elmo pode constituir uma peça móvel do brasão, caso em que é normalmente representado cerrado e de perfil, devendo indicar-se, ao brasonar, o seu número, esmalte e posição; mas a função essencial do elmo na heráldica é figurar como ornato exterior do escudo, colocado sobre o seu bordo superior. 

Quando o elmo tem a viseira levantada, diz-se aberto e é colocado a três quartos; com a viseira descida chama-se cerrado e põe-se de perfil.

 

Diz-se guarnecido de outro esmalte o elmo que tem na viseira e no seu bordo inferior uma virola ou filete desse esmalte.

 

 

Elmo guarnecido de ouro

 

Para a nobreza, o elmo deve ser de prata. O elmo de ouro deve ser posto de frente e o seu uso compete apenas aos reis, príncipes de sangue real e duques soberanos. Embora em alguns casos surjam elmos postos de frente em brasões de nobres titulares, tal prática não deve ser aceite. Alguns autores, contudo, não reconhecem valor histórico às distinções nos elmos. Note-se que Jean du Cros, no Livro do Armeiro-Mor (c. 1509), empregou elmos de prata e de ouro sem um critério aparente (tal como, de resto, o fez depois António Godinho no Livro da Nobreza e Perfeiçam das Armas); mas a regra heráldica, comum a diversos países, é a da exclusividade do uso de elmo de ouro pelo Rei.

 

 

Armas de D. Manuel  no Livro do Armeiro-Mor (c. 1509). Note-se que o elmo, que, correctamente, é de ouro e coroado, deveria estar de frente...

 

Assim, na armaria portuguesa, o elmo é quase sempre de prata, aberto, guarnecido de ouro. Era esta a regra para os nobres de mais de três gerações; os recém-nobilitados, até à terceira geração, usavam elmo de prata, cerrado, guarnecido de ouro. 

O elmo pode ser coroado, quer pela coroa real, quer por coronéis de titulares; mas este uso é raro na heráldica portuguesa.

 

Aposição normal do elmo é assente sobre o topo do escudo, virado a três quartos para a direita do mesmo. O elmo de frente, como vimos, é exclusivo do Rei; o elmo voltado para a esquerda indica normalmente bastardia, mas é de uso raríssimo. Igualmente rara hoje em dia, mas possível, é a representação do elmo de perfil.

 

Quando o escudo estiver colocado “ao ballon”, ou seja, inclinado para a direita, o elmo deve manter-se vertical e assentar sobre o canto esquerdo do escudo, aquele que fica superior. O que nunca deve acontecer, em termos de desenho heráldico, é o elmo ficar suspenso no ar, “flutuando” sobre o escudo.

 

A heráldica francesa estabeleceu regras pormenorizadas para o desenho dos elmos, atribuindo significados específicos à cor do forro, ao número de grades da viseira e outras minúcias, mas, tais regras não são observadas em Portugal. 

O desenho do elmo é completado pelo virol, a Coroa do grau de Cavaleiro,  e  pelos paquifes, uma plumagem que trazia sempre as cores da família ou do clã ao qual pertencia o nobre.

 

(Desenho extraído do Armorial de Orkney)

 

 

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